Fig & Olive

Antes mesmo de chegar em Nova Iorque, pesquisei por lugares onde poderia comprar azeites de oliva e o Google acabou me direcionando para um restaurante chamado Fig & Olive. As imagens, os pratos e o conceito me chamaram atenção. Mais do que vender os azeites, eles fazem comidas que destacam as propriedades desses azeites? Isso me soou fantástico, vamos lá!

Primeira impressão: a Fig & Olive é linda. Que ambiente maravilhoso. Entro, há apenas duas estantes de óleos da marca própria do restaurante. Não, não pode ser isso. O alarme soou: turist trap, o Google me aprontou mais uma! O gerente me cumprimenta olhando com suspeição. São onze da manhã, está nevando, há ninguém no restaurante – provavelmente ainda sequer está aberto. “Er… Can I help you? Did you make a reservation?” Ele está perdido, o que será que eu quero? Respondo que não, não vou almoçar, só quero ver os azeites. Aponto para as estantes, o gerente chama a hostess. Ele pede para que ela pegue pães para que “o cavalheiro” deguste os azeites. Ela responde, surpresa, “oh, do we do this?”. Isso não vai prestar.

Eu olho em volta, não há bem uma loja de azeites de inúmeras marcas, há somente garrafas da marca deles. Eles engarrafam azeite de diferentes produtores com rótulo próprio. Já não prestou. Por que eu me interessaria em comprar um azeite escolhido por um restaurante? Quero um azeite que destaque sua origem, seu produtor. Ela volta com uma bandejinha de porcelana com três espaços para azeite e um comprido com pães. Isso não vai prestar.

“Sorry, wouldn’t you have those little plastic cups or spoons?”

“For what?”

“To taste the olive oil.”

“Oh, no, that’s why I got the bread.”

“I know. But I would rather drink it”

Ela trava por frações de segundo e me observa absolutamente intrigada. Esse garoto não sabe o que é azeite de oliva?

“Oh, no, we don’t do that, you eat with the bread, they are not for drinking.”

“Er, actually they are, that’s how you taste olive oil, sipping it.”

Ela fica constrangida… Acha que sou maluco. E eu a acho pavorosamente despreparada para trabalhar nesse lugar.

“But, whatever, it’s okay.” – Eu cedo prontamente para resolver de uma vez. O que mais poderia fazer? Ensiná-la a degustar azeites? “I’ll take the bread.”

“Which one do you want to try?”

“Do you have any American?”

“What do you mean?”

“These all come from Europe, you don’t have any from U.S.?” – Eu aponto para os rótulos.

Ela está cada vez mais convencida de que sou maluco. Não sei qual a estranheza em se querer um azeite de olivas plantadas nos EUA. Eu passo o olho nos rótulos, há nenhum daqui.

“No, they are all from Spain, Greece, Chile…” – Seu tom é explicitamente de: por que alguém iria querer um azeite dos EUA quando temos todas essas opções muito melhores?

“That’s a shame.” Se estou nos EUA, quero experimentar azeites dos EUA.

“Which one would you like to try?” – Ela insiste, procurando desesperadamente manter a conversa dentro de sua zona de conforto.

Eu cedo mais uma vez. “The Koroneiki, please.”

Eu embebo o pão – que na verdade eram focaccias – no azeite e lambo. A atendente solta um exaspero e vira os olhos para as estantes. “Urgh, nojento!”, posso ouvi-la pensar.

Enfim, provo três azeites e são todos bem sem graça. Por outro lado, a focaccia é maravilhosa. Sério, esqueçam azeites e vendam focaccia nessa lojinha.

Eu compro uma garrafinha de 250 ml de Koroneiki grego por $16. Comprei por vergonha de experimentar todos os azeites e comprar nada. Droga. Vamos dizer que paguei pela focaccia, a focaccia estava maravilhosa.

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