Cantine Voltaire

Para um descendente de japoneses, o curry ácido e de aromas verdes do sudeste asiático é uma quebra. Muito diferente do curry que eu tinha em mente quando pedi, infinitamente melhor em qualidade que o esperado. O sabor é rico, pungente e fresco. Fresco no sentido de que é feito do zero com ingredientes novos, viçosos, in natura. A pimenta me esquenta e meu corpo agradece o arroz depois de dois dias de abstinência (já estava surtando). Um prato barato, delicioso e com a cara da comida lá de casa: descobri um lugar em Paris para chamar de meu.

Meu e de mais uns outros. O salão está meia-bomba, mas os entregadores entram e saem sem parar. Compartilho a mesa grande com um casal de uns 70 anos que vai ao teatro logo ao lado. Eles têm um ar de exigência, uma exigência francesa, de quem não se deixa impressionar com pouco. Comem e aprovam comedidos já nas primeiras garfadas. “C’est bon, eh?” “Oui, oui, c’est bon.” Eu conheço esse “c’est bon”… É o “c’est bon” que gatos usam quando estão ronronando de barriga para cima e patas no ar, mas se lembram que são gatos e precisamos fingir alguma superioridade felina

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