Buvette des Bains

Que refeitórios me sejam um ponto fraco, nenhuma novidade. A comida às vezes é boa, às vezes é ruim, nunca é tudo. Quando se está em uma grande mesa de piquenique no meio do lago Léman, as crianças correndo, os pardais pedindo pão, a água reluzindo e a cidade silenciosa ao fundo, a comida não é tudo. Sensação de compartilhamento, de comunidade e de alegria, parece ser Natal todos os dias. Ou, pelos menos, todos os dias de verão. As garotas no balcão atendem a todos com um bom humor impossível e obsceno, os cozinheiros não param de montar pratos que ainda não foram pedidos, basta a atendente ir ao fundo da cozinha buscá-los. Duas opções: com carne, sem carne. Ridículos 15 francos, considerando os preços em Genebra. Quem se importa se vem uma montanha de carne dourada, macia e suculenta? Que venha uma montanha de queijo de cabra saboroso e refrescante? Que venha comida colorida, saudável, fresca? A comida nunca é tudo.

Todo mundo fala da riqueza da Suíça. Mas não fala da origem dessa riqueza. Mas não fala da desigualdade e tensão social, 10% dos suíços ganham menos que o necessário para se sustentar, palpáveis três quadras atrás da orla. O conceito de riqueza é uma questão de quão ricos são os ricos desse país. Não se mede riqueza pela ausência de pobreza dos pobres, se mede pelo excesso de riqueza dos ricos. Os ricos sempre vêm primeiro, são eles que importam. Exceto nessa ilha, isolada dos palácios da orla. A maioria do público não fala francês entre si, são imigrantes. Parece que todos os brasileiros de Genebra estão aqui. Alguns trazem cervejas e salgadinhos, ouvem e dançam funk que vem do celular. Que a farofada fique lá longe. Que seja. Essa maravilhosa ilha daria um lindo resort com um ótimo restaurante três estrelas. Essa maravilhosa ilha dá um lindo banho público com um ótimo refeitório. A comida nunca é tudo.

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