Seis da manhã, eu passava pela cinzenta Carreira 68 de Bogotá. Uma cafeteria movimentada me chama a atenção, eu resolvo arriscar e pulo fora do ônibus no próximo ponto. Fico encantando com o dourado vibrante da crosta e a elasticidade infinita do interior esponjoso da buñuela. Os chiffons japoneses babam de inveja. É preciso que a temperatura do óleo esteja certeira para conseguir essa crosta magnífica e um cozimento tão homogêneo de uma bolota enorme dessas. O pandebono choca um brasileiro desprevenido pela doçura e acidez. Um pão de queijo que combina o máximo da textura úmida e pegajosa do polvilho doce, com o máximo de aeração e acidez do polvilho azedo. Num forno bem quente, fica dourado em cima e embaixo, o tempo encurta, o interior não resseca, o sabor de queijo continua presente e agradável. Todo mundo só fala de receita e ingredientes secretos, mas muitas vezes o que torna a comida extraordinária é o cuidado com a temperatura do óleo e do forno. Comida de rua boa assim restaura minha fé na humanidade, nem tudo está perdido.


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