Ponto do Suco

Turistas em Maceió ficam naquela coisa de Bodega do Sertão para cá, Akuaba para lá, Janga Praia para ali e eu aqui, sem me empolgar muito com essa coisa de comida mineira, baiana e nordestina recheada com Catupiry. Apertei minha amiga, “mas e onde é que você vai?” Assim, popular, local, barato, enche barriga, sabe? Num estalo, ela sabe onde me levar: Ponto do Suco. Pois o Ponto do Suco é uma lanchonete 24 horas numa viela escura sem saída no Centro da cidade. É onde surfistas passam depois do mar, aposentados jogam cartas, motoqueiros se encontram, gatos de rua vadiam, famílias jantam, policiais matam tempo, socorristas param apressados suas ambulâncias e, antes da pandemia, os jovens iam ao amanhecer para curar a larica pós-festa.

No cardápio, sanduíches naturais, hambúrgueres, salgados, açaí e sucos. Sucos gigantes, intensos, polpudos, gelados, frutas brasileiras incluídas. A maioria a partir de polpa congelada mesmo, há nada errado em congelar frutas para preservá-las e torná-las acessíveis. Santificada seja a indústria. Sanduíches bem servidos, suculentos, saborosos, apenas R$8. “Naturais” à moda brasileira: nada naturais. Recheios são enlatados, embutidos e processados: peito de peru, atum, azeitona, ricota, milho e ervilha. Santificada seja a indústria. Exceções são o tomate, a alface, o frango desfiado esturricado e os pães caseiros, daqueles de interior, farinha branca desenvolvida até o véu, macios, úmidos, coloridos e aromatizados com cenoura ou abóbora. Nada com Catupiry por aqui.

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