Cais

A prejereba do Cais estava perfeita, o chouriço de atum também. Bom pão e manteiga fermentada, mandioca chega manteiga derrete, vinagrete de feijão esmerado. Há falhas como salgar demais, soterrar o delicado alho-poró em ricota defumadíssima, ou considerar “pratos” coisas que deveriam estar em “acompanhamentos”. Quando ouço por aí que o preço é moderado e tal, eu fico em dúvida se talvez eu não seja pobre. Sem serviço, são R$39 por uma alheira. Linda. Ainda assim, R$39 por uma linguiça, R$53 por 150 g de peixe, R$25 por uma tigelinha de mandioca e R$28 por vinagrete de feijão. Que o IBGE me salve da alienação, tem de ser rico para vir aqui.

A sobremesa era uma tortinha de queijo coalho tostadinho, sorvete de leite com boa textura e um caramelo salgado para destruir tudo. Sei lá, bora superar logo essa moda de caramelo salgado, nunguento mais. Adriano de Laurentiis, muito atento e atencioso, deve ter percebido que não estávamos particularmente felizes, então veio pessoalmente trazer uma sobremesa-teste de cortesia. Rabanada, creme inglês e abacaxi assado perfeitamente executados. Meio bege, apesar do abacaxi azedinho e aromático. Tudo bem, é o estilo da casa.

O Cais tem identidade e proposta muito legais, são um tesãozinho mesmo. Mas, para mim, não tá valendo. Fica o respeito pelas boas ideias e execuções, e a torcida pelos pingos nos is.

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