Jesuíno Brilhante

No coração de São Paulo, perto da Av. Paulista, o arco aórtico paulistano, há um pedacinho do Rio Grande do Norte, um consulado potiguar*. O nome é uma homenagem ao Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante, um cangaceiro pioneiro, idealista e romântico. Naturais de Patu, Brilhante e Rodrigo Levino, o dono do restaurante, são conterrâneos. Ex-jornalista, Levino esbanja erudição, é Hobsbawm e Belchior para cá, Câmara Cascudo e Guimarães Rosa para lá. Em vez de ostentar visitas de atrizes da Globo e jogadores de futebol, orgulha-se de receber Nina Horta, Carlos Petrini e Ignácio Loyola.

O resultado é um lugar inapropriado para coxinhas, estamos em terras de croquete molhadinho e crocantinho muito bem acompanhado de molho de pimenta aromático e equilibrado. Esses esquerdalhas são mesmo um perigo. Lindo bifão de carne de sol, rosado por dentro, dourado por fora. O arroz vermelho tem sabor cerealoso suavizado pelo leite. Feijão-de-corda, mandioca cozida, carne de sol na nata e farofa bolão formam um rico banquete. Já o baião-de-dois é uma caça ao tesouro repleta de aromas e gostosuras, como um pacote de feijões de todos os sabores em que todos são bons. É bucho cheio e sorriso na boca por R$40.

Por fim, tem caju rasgado, caju ameixa, cocada cremosa, doce de leite talhado e outros para acompanhar o queijo coalho e o café, pois sozinhos são muito doces. A gente se sente mesmo no Rio Grande do Norte. Não que eu já tenha ido para saber.

.

* Só para garantir, sim, contém ironia.

Deixe um comentário

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑