O pain au chocolat da @melthebakery é único. Massa salgadinha, bem cerealosa, pesada e dura para um croissant, será que tem centeio ou espelta?, mas, de alguma forma, o peso e dureza não exclui a identidade leve e fofa de uma massa folhada. O chocolate não deixa por menos. Mais volumoso e potente que os onipresentes palitos da belga desalmada, tem amargor, adstringência, uma boa acidez e uma porrada de fruta madura/passa típica de cacau pouco torrado/conchado. Provavelmente não seria meu preferido para comer puro, mas encaixa como uma luva nessa massa, se amansam sem se cancelarem.
Os cookies são masquentos, como bala 7 Belo, do jeito que os millennials gostam. O de gengibre, molasses e pinoli é um cookie para gente grande: pungente, aromático e refrescante. Eu gosto disso, é muito adulto. Os pães têm aquela pompa toda: cereais ancestrais, locais, biodinâmicos, colhidos por virgens cegas na Lua cheia e moídos integrais à la minute no porão da padaria. O suor das virgens faz diferença, eles têm aromas complexos, cerealosos, fermentados, amendoados, acidez harmônica, textura pegajosa, baita casca maillardenta que mantém a crocância sem endurecer por dias e dias. São sinfonias em forma de pão.
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*Trabalhei na cozinha do Gem enquanto a padeira-chefe da Mel, Norah Allen, fazia os testes para os produtos da padaria. Mas, garanto, nada me preparou para encontrar essas maravilhas.
**Meu celular pifou, perdi as fotos, essa aí sobreviveu porque tinha mandado para um amigo.
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