Victoria Tacos

@VictoriaTacosBerlin faz parte do projeto mundial de gentrificação hipster que cobra €4 euros num taco e anuncia vagas de “taco assembly specialist” e “guest experience specialist” pedindo “hardworking, dedicated people who always manage to keep a positive attitude […] embrace each other’s strengths and differences […] and are not afraid to rewrite the rules in hospitality”. Uau. Claro que, sendo berlinense, vai um grau a mais no grafite, o ambiente é menos um playboy calculadamente bagunçado e mais um açougueiro mexicano que tomou ácido. Claro que, sendo berlinense, dois dos quatro recheios de tacos disponíveis são ovolacto, um é estrito, e um último tem carne suína.

O ovolacto recheado de feijões é meu favorito, funciona bem com a cebola agridoce e com o queijo defumado salgadinho. O de shimeji-preto (ou cogumelo-ostra) combina a permanência da textura borrachuda com a untuosidade, docinho e retrogosto do abacate. Ambos harmonizam com o drinque de toranja, limão, gengibre, pimenta e tequila docinho, cortantemente ácido e pungente. Vejam que curioso, os drinques ficam prontos em garrafinhas de vidro num balde de gelo ao lado do caixa. Mesmo sem ser feito na hora, está nada oxidado ou apagado: chupem céticos e niilistas.

O estrito traz carne de jaca toda trabalhada na lima e pimenta, hiper refrescante com a brunoise de cebola e coentro. O @davidmxml se intriga e se alegra com a carne de jaca, novidade desconhecida nessas bandas do mundo. Por fim, o taco onívoro de porco braseado, apesar da carne suculenta e macia, é meio normalzinho em intensidade e sabor, deveria ser picante, mas, pelo menos em mim, médio-sensível à picância, nem fez cócegas. Ele vem bege, caído, separado dos outros tacolegas para não contaminá-los. Parece que os defuntóvoros são a minoria recriminada e relutantemente incluída por aqui.

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