Panadería Rosetta

Assim como o @restauranterosetta, a @panaderiarosetta fica em Roma, um bairro jovial, rico, gringo e hipster da Cidade do México. Representativa do bairro, a padaria é linda, elitista e instagramável. Às 7h da manhã, as vitrines estavam cheias e reluzindo, os produtos recém-saídos do forno são dourados, enormes, brilhantes e encantadores. A surpresa é que o que reluz aqui é ouro, os confeitos são tão deliciosos quanto bonitos. Há nada de pretensioso ou revolucionário: farinha e açúcar brancos, fermento cerevisiae, manteiga comum. O fato é que mesmo o tradicional bem feito fica delicioso. Os brioches e massas folhadas são ricas e maillardentas como o diabo gosta, têm casquinhas vivas e estilhaçantes, interiores gordos e úmidos. Os recheios são sempre intensos de sabor e balanceados de gostos ácido e doce. Feitos de bons ingredientes in natura como maçã, goiaba (não, não é goiabada) ou estragão (não lembro de ter provado sem ser desidratado antes, achei bem parecido com erva-doce) bem dosados e aromáticos. Meu favorito acabou sendo o caracol de cacau com ricota e olha que eu tenho preguicinha de sobremesas achocolatadas. Achei que o “cacau” seria cacau em pó queimado, amargo, alcalino e morto, mas são nibs vivinhos da silva, bem frutados e de longa permanência. A ricota traz umidade, forte acidez e, estou imaginado?, uma lufada de ovelha que brinca de esconde-esconde. O glacê parece um enfeite bobo, mas oferece lampejos de doçura e crocância que contrasta deliciosamente com a acidez e umidade dos recheios. Ainda bem que não moro na Cidade do México, porque a diabetes já teria me levado. E eu teria ido feliz da vida, ou melhor, feliz da morte.

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