Essa esquina na Grands Boulevards parece estar sempre com fila. Ela, porém, é de turistas estrangeiros que escrevem “muita variedade, grandes porções e preços bacanas” no Maps. Em todo caso, quando a @lacremedeparis.officiel está no seu caminho às 23h num domingo após vinhos com amigos, por que não arriscar? O menino na caixa registradora tem uma cara de quem acabou de entrar no curso de Matemática e um ar desatento, mas atende um grupo de espanhóis em bonito espanhol antes que eles sequer lhe dirijam a palavra. O jovem na ponta da fila hesita e gagueja enquanto recalcula a rota para pedir em espanhol em vez de inglês. Assim que os espanhóis saem, uma mulher entra na minha frente e o caixa se recusa a atendê-la. Ela finge não entender e repete seu pedido, ele, sem perder a paciência, repete que eu cheguei primeiro. Eu agradeço, digo que não há problema, ela certamente está com mais pressa. Ele não se comove, continua esperando que eu faça meu pedido. Minha vez de ficar desconcertado e gaguejar. Quantos caixas, ainda mais em Paris, fariam isso? E sem ficar bravo e agressivo! Nenhum, realmente fora do ordinário. Bem diferente do crepe ordinário que recebi, bordas molengas, farinha crua no centro, sabor qualquer. Mesmo tranquilos de movimento, eles não param de fazer crepes e vão os acumulando em uma pilha no balcão. Pra quê? É o mais puro creme d’armadilha passando na sua rua, minha senhora.
La crème de Paris
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