Ainda no Marais, o bairro judeu/LGBT+/hipster/gentrificado de Paris, o @miznonparis é um lugarzinho israelita informal e jovial. Salão e cozinha são improvisados, sem espaço para fazer fila em frente ao caixa ou andar entre as mesas, caixas de vegetais ao lado da porta, couve-flor grelhadas em uma prateleira aberta do salão, a moça do caixa dobra saquinho de servir pita debaixo do balcão, os cozinheiros batem cotovelo na cozinha abarrotada de fluxos cruzados, bacias enormes de tudo indo e vindo o tempo todo (deveriam diminuir o cardápio e setorizar o trabalho). Curioso que tenham aberto filiais sem antes ter organizado a casa. De comida, a couve-flor se abre ao toque do garfo e leva flor de sal como se deve (ou seja, nada de sal na couve-flor além dos floquinhos em cima na hora de servir). Perfeita no mundo das ideias (vulgo Instagram), imperfeita nas sombras da parede da caverna, ela não é particularmente couvousa e é indisciplinadamente salgada e tostada apenas na pontinhazinha de cima. Analisei a estante e todas estavam assim no dia que fui, uma pena, caixas e caixas de couve-flor “desperdiçadas” por mero desleixo do grillardin. O boeuf bourguignon, pelo menos, está impecável: colágeno desmanchando, boa proporção de gordura, pouco sal, acidificado, adocicado e aromatizado por vinho borgonhês, servido num pão pita com bastante mostarda que sobe ao nariz e mais nada. Dez desses, por favor.

exceleente texto. Essa couve flor eh incrível seja em NY seja paris
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